sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A assembléia dos ratos - Monteiro Lobato

Um gato de nome Faro-Fino deu de fazer tal destroço na rataria duma casa velha que
os sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de fome.
Tornando-se muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembléia para o estudo da
questão. Aguardaram para isso certa noite em que Faro-Fino andava aos mios pelo telhado,
fazendo sonetos à lua.
-Acho, disse um deles, que o meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe atarmos um
guizo ao pescoço. Assim que ele se aproxime, o guizo o denuncia e pomo-nos ao fresco a
tempo.
Palmas e bravos saudaram a luminosa idéia. O projeto foi aprovado com delírio. Só
votou contra um rato casmurro, que pediu a palavra e disse:
Está tudo muito direito. Mas quem vai amarrar o guizo no pescoço de Faro-Fino?
Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nó. Outro, porque não era tolo.
Todos, porque não tinha coragem. E assembléia dissolveu-se no meio de geral consternação.
Dizer é fácil; fazer é que são elas!

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" Feliz daquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina"

Cora Coralina